1 de janeiro de 2014

Que caminhos para o Associativismo Estudantil em Cabo Verde

Por Madoeno Silva - Presidente da AEISCJS

Que caminhos para o Associativismo Estudantil em Cabo Verde  Qualquer atividade do associativismo carrega a exigência ética da superação do conhecimento, elevando-o a um caminho em prol de uma academia de causas. Foi assim que me apercebi que a minha relação com a comunidade acadêmica é, deveras, um encontro onde há partilhas de amizade, conhecimento, saberes, e sobretudo no ponto onde há maior convergência: de elevar o ensino cabo-verdiano aos patamares da eficiência.

Espera-se ainda muito do associativismo estudantil em Cabo Verde, mas acredito que com o passar do tempo vão se construindo caminhos para a modernidade, que ruma em direcção ao desenvolvimento, num incentivo à organização dos jovens e no estímulo à iniciativa universitária que gera obrigatoriamente uma maior eficácia na transformação das realidades sociais, tornando na nossa principal arma de defesa os interesses do colectivo.


A percepção que eu tenho do associativismo estudantil impõe-me um caminho de novos paradigmas, para aprender e reavaliar como desenvolver uma visão equilibrada na forma de encarar o mundo universitário. Este caminho não se faz com um estalar de dedos ou a simples mudança de líder. Isso faz-se com reflexão, exigência e muito trabalho, mas também com a abertura ao diálogo, parceria fundamental para a vida académica e para a juventude cabo-verdiana, opondo a força dos dinossauros à ganância produtiva das universidades capitalistas em pleno período de industrialização massiva no mundo.

Tomei a liberdade de escrever este artigo para partilhar, com todos os estudantes universitários, a minha preocupação em relação ao futuro do associativismo estudantil em Cabo Verde. Suscita, assim, algumas questões que são pertinentes. Onde estamos? Para onde se caminha? E onde queremos chegar?

Perante esta causa, proponho que o associativismo estudantil dê o salto e se assuma como uma academia forte, e esteja na linha de frente assumindo o firme compromisso de trabalhar, para que se possa criar as condições para uma verdadeira Federação da Associação de Estudantes Universitários, onde todos terão a voz e a vez de propor e fazer valer as suas ideias.

Para atingir este objectivo é necessário revitalizar o associativismo estudantil, incentivar a comunidade académica e as associações de estudantes, de modo a trazer uma maior força e capacidade representativa da nossa classe, transformando assim o associativismo no símbolo do nosso dinamismo e da nossa energia.

Um outro objectivo importante é a sua restruturação. Tenho por mim que é necessário propor uma remodelação da estrutura directiva com o intuito de descentralizar as tarefas, permitindo uma melhor coordenação e, sobretudo, uma maior aproximação e união dos estudantes universitários.

Para que o papel do associativismo estudantil possa ser assumido de forma plena nas universidades, torna-se necessário que seja aprofundado o debate sobre este tema onde a diversificação de dinâmicas sociais, a criatividade, a vontade de fazer têm que estar sempre presentes nos estudantes de forma a estreitar o diálogo com os parceiros, abrindo espaço à participação cívica e à vivência da cidadania de forma activa na construção de uma sociedade mais desenvolvida.

Por tudo isto, não podemos abdicar da nossa responsabilidade de promover o desenvolvimento do associativismo, bem como defender os valores da liberdade, do progresso, da democracia, da igualdade e solidariedade para construirmos juntos uma frente de acção associativa ampla e dinâmica, pois propomos advogar e debater por uma academia esclarecida, participativa, mobilizadora e com mais oportunidades para todos os estudantes.

Este é o espírito que deverá existir em cada um de nós jovens e estudantes. Manter vivo o associativismo estudantil é, sem dúvida, manter vivos os espaços de educação para a cidadania. Ser associativista é, portanto, sentir que somos um elo de uma corrente composta por muitos outros elos.

Como representante dos estudantes do Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais, estou especialmente atento à reforma que tem de ser feita no ensino superior cabo-verdiano: desde o processo de Bolonha, o sistema de avaliação e creditação, o regime jurídico das Instituições de ensino superior sem perder nem a sua identidade nem a sua finalidade própria, especialmente disponíveis e comprometidos para pensar a educação, o país, o mercado laboral e o futuro, fazendo-o em comum com o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação, que tem vindo a acompanhar a par e passo os problemas e ideias dos estudantes, reflectindo e debatendo serenamente, contribuindo desta forma para consensos alargados.

Efectivamente, a criação da Federação da Associação de Estudantes Universitários, bem como a participação na definição da política educativa em todas as matérias respeitantes ao ensino superior, revelam-se como de extrema importância, para que se possa dar um salto qualitativo a caminho da excelência, que passa indubitavelmente pelo ingresso na carreira profissional.

Este é o caminho que devemos percorrer, sendo necessário passar das estratégias à acção. Sermos nós próprios a definir o nosso caminho, pois “o sucesso não está no fim da jornada, e sim em cada curva do caminho que percorremos para encontrá-lo”.

Como se costuma dizer, nós somos a força da juventude e a juventude tem sido a nossa força, “não há vento favorável para aquele que não tenha rumo certo”. Vamos juntos construir o futuro, agora, e ter esperança de que este será melhor com base nos verdadeiros valores, tomando consciência, desde cedo, dos direitos e deveres que cada qual deve respeitar para que haja uma maior equidade académica.

Fonte: Jornal Asemana

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